WILHELM WUNDT E A PSICOLOGIA CIENTIFICA

Wundt é o fundador porque ele casou a fisiologia com a filosofia e fez seu resultado (filho) independente. Ele trouxe os métodos empíricos da fisiologia para as questões da filosofia” (LEAHEY, Tomas - 1987, p 182)”


Wilhelm Maximilian Wundt (16 de agosto de 1832 – 31 de agosto de 1920, Alemanha), considerado um dos pais da psicologia. Em sua vida foi médico, filósofo, fisiologista, professor, psicólogo alemão .

Fechner, com sua obra sobre a psicofisica garantiu a si mesmo o posto de primeiro psicólogo experimental, porém é Wundt quem recebe o titúlo de fundador da psicologia experimental (científica). Para melhor entendimento, como citou Boring (1950), os fundadores são promotores, eles podem não ser os primeiros a atingir alguma coisa, mas são os primeiros a proclamar o pioneirismo de suas realizações. Foi Wundt quem soube divulgar, sistematizar, consolidar e promover a psicologia como ciência independente.

O grande reconhecimento histórico de Wilhelm Wundt deve-se, principalmente, à criação do Laboratório de Psicologia Experimental na Universidade de Leipzig em 1879, a publicação de Princípios de Psicologia Fisiológica em 1873, e pela fundação da primeira revista científica de psicologia, a Philosophische Studien, em 1881.

Para compreender melhor como deu-se a formação da psicologia científica, analisaremos o contexto socio-cultural que proporcionou à Wundt a divulga

A universidade alemã e o desenvolvimento da psicologia

Com a fundação da Universidade de Berlim, em 1809, surge um novo modelo que servirá de exemplo para todas as instituições alemãs de ensino superior. A Faculdade Filosófica que antes era apenas um anexo das faculdades superiores, passou a ser o centro da nova universidade, que se baseava no ideal de uma formação humanista integral. A partir daí o ensino passou a ser vinculado à pesquisa científica. Com essa unificação as instituições de ensino superior alemãs passaram a ser as mais respeitadas do século XIX atraindo milhares de estudantes de todo o mundo. Surge então um grande número de novas universidades alemãs que atendem à enorme demanda estrangeira.

É neste contexto que a psicologia é institucionalizada pela primeira vez, ao ser decretada disciplina obrigatória na Faculdade Filosófica que formava professores. A psicologia na Alemanha foi primeiramente estudada em relação ao processo de aprendizagem, não havendo aí qualquer vínculo necessário com a realização de pesquisas científicas.

Ainda durante as reformas educacionais, a estimulação da pesquisa científica amplia o interesse em ultrapassar os limites do conhecimento humano, surgindo investigações experimentais da vida psíquica. Foram criados Institutos de Pesquisa que obtiveram grande sucesso nas áreas de Medicina e Filosofia. Estabelece-se então uma nova fisiologia experimental e a expansão de pesquisas sobre a percepçãp sensorial, que viriam a atrais um enorme número de pesquisadores, tornando o cenário cada vez mais propício para o surgimento da psicologia experimental como área independente

A Alemanha tornou-se o ambiente ideal para o desenvolvimento da Psicologia, e posteriormente viria a comportar o primeiro centro internacional de formação de psicólogos na Universidade de Leipzig.

A fundação do Laboratório de Psicologia em Leipzig.

Ao chegar em Leipzig, Wundt - que viria a lecionar no local e tornar-se responsável pelo melhor e mais bem equipado laboratório da época - já possuia em seu histórico a passagem por quatro universidades: Tubigen (onde estudou Medicina), Heidelberg (onde estudou e lecionou), Berlin (onde estudou fisiologia) e Zurique (onde assumiu cargo de professor pela primeira vez), e já havia trabalhado em dois importantes institutos de pesquisa experimental do século XIX, em Berlin e em Heidelberg.

Wilhelm, ao fundar o Laboratório de Psicologia Experimental, deu continuidade ao programa de pesquisa que iniciou em Heidelberg e consolidou seu objetivo dando início à uma psicologia científica livre de especulações.

As atividades no laboratório eram divididas entre um curso introdutório para os novatos e a realização das atividades especiais dos membros antigos. Wundt dividia os alunos em grupos conforme o tema de interesse de cada um, e denominava aquele que havia se destacado como o líder, que era responsável por preparar os experimentos e redigir o relato final para a publicação. Para publicar as descobertas realizadas no laboratório, Wundt criou uma revista mensal, a Philosophische Studien.

As principais áreas de pesquisa no laboratório eram: intensidade das sensações, sensações táteis, psicologia do som, sensações de luz, gustação, olfação, percepções espaciais, curso das representações, estética experimental, processos atencionais, sentimentos e afetos, processos de associação e memória, etc (Wundt, 1909)

Wilhelm atraiu não só estudantes alemães mas uma grande quantidade de estrangeiros para Leipzig, por esta razão, seu laboratório recebeu o título de ‘’primeiro centro internacional de formação de psicólogos’’. Portanto, o Laboratório de Psicologia Experimental de Wundt, não foi o primeiro da categoria mas certamente o mais importante na fundação da psicologia científica. Em seu laboratório, Wundt orientou toda uma geração de psicólogos experimentais que voltavam às suas nações de origem disseminando o modelo experimental wundtiano.

A difusão da nova psicologia

Wundt tinha como seu principal objeto de estudo o consciente. Trabalhava com dois programas principais para suas experiências: o exame da experiência consciente “imediata” , por meio de métodos experimentais de laboratório, e o estudo dos processos mentais superiores, por métodos não laboratoriais. Wundt afirmava que a experiência imediata so acontece se o indivíduo que participa do experimento analisa a experiência por meio da introspecção, ou seja, da observação da sua condição interior. Só assim o sujeito estaria para apto a fazer um relato de suas experiências conscientes.

O relato introspectivo que Wundt buscava nesses experimentos se tratava basicamente dos julgamentos sobre tamanho, intensidade e duração de estímulos físicos variados, pois estes podiam ser avaliados quantitativamente e podiam ser medidos objetivamente nos sofisticados laboratórios.

Wundt tornou-se líder do movimento conhecido como Estruturalismo. O estruturalismo define a psicologia como ciência da consciência ou da mente, definição herdada de Wundt. Mostra-nos que a mente seria a soma dos processos mentais. O objetivo da psicologia seria a tarefa de descobrir quais são os elementos mentais, o conteúdo e a maneira pela qual se estrutura.

Wilhelm também escreveu sobre o que chamou de Psicologia Cultural. O tema teve início em uma das suas publicações e levou o nome “Psicologia dos Povos”, sendo que dez anos de sua carreira foram dedicados ao assunto. A psicologia cultural tinha como objeto de investigação os costumes sociais, mitos, linguagem, e dividia a psicologia em social e experimental. No entanto, Wundt declarava que a experimentação cientifica não poderia ser realizada no estudo desses processos mentais superiores, e que deviam ser estudados por abordagens não experimentais, como a sociologia, antropologia e psicologia social.

Wundt e a psicologia moderna

A obra de Wundt e seus alunos construiu os alicerces da ciência que ali nascia servindo de inspiração e modelo para muitos laboratórios e pesquisas que viriam a se concretizar.

Entretanto, Wundt só foi influente durante seu tempo em vida, após sua morte essa influência declinou até chegar ao esquecimento.

Embora muitos estudiosos dá época deram continuidade ao aspecto experimental aprendido com Wundt, seu sistema teórico como um todo não foi adotado nos diferentes países, diferentemente de seu laboratório, técnicas e aparelhos que eram reproduzidos e adaptados às condições de cada país.

Isto se deu ao fato de que a psicologia experimental era apenas uma pequena parte de todo o pensamento de Wundt que acreditava que a psicologia deveria complementar os processos psicológicos individuais (psicologia experimental) e também os produtos culturais coletivos (psicologia dos povos). Porém, como somente a psicologia experimental era utilizada no Laboratório de Leipzig, foi deixado de lado o sistema de pensamento wundtiano, o que resultou na imagem de Wundt apenas como experimentador.

Conclue-se que a psicologia do século XX não foi wundtiana pois seus alunos adaptavam seus ensinamentos conforme seus diversos interesses. A contribuição de Wundt para a psicologia moderna envolve a grande importância em dar caráter científico à psicologia que anteriormente era apenas teórica e sujeita a especulações. Ao criar técnicas de pesquisa, métodos, e um modelo de Laboratório de Pesquisa Experimental, Wundt abriu caminhos para a expansão da psicologia como uma nova ciência, com aspecto fortemente experimental.

5 comentários :: WILHELM WUNDT E A PSICOLOGIA CIENTIFICA

  1. Vou fazer um trabalho sobre esse assunto e vai ser muito importante esse texto.

  2. Muito bom! Claro, objetivo e esclarecedor !
    Me ajudou bastante .

  3. legal serviu de grande ajuda

  4. Site de Psicologia com informações complementares: http://blogpsicologos.com.br/psicologia/historia-da-psicologia/item/11-wilhelm-wundt-o-pai-da-psicologia-moderna

  5. esclarecedor.

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