O MITO DA CAVERNA x MATRIX

No livro VII d’A República, de Platão, Sócrates narra a Glauco o mito da caverna. Este mito descreve a situação de pessoas acorrentadas com movimentos limitados, que passam sua vida inteira dentro da caverna, sem conhecer outra realidade. Nesta caverna a iluminação é precária e tudo o que aqueles homens podem ver é a sombra de objetos que passava atrás da parede a qual estavam acorrentados. Assim, Sócrates insinua que aquelas pessoas teriam a sombra dos objetos como realidade, já que era só aquilo que podiam enxergar e não conheciam nada diferente desde seu nascimento.

Até que um dia um dos indivíduos é liberto da corrente e se dirige para fora da caverna. Ao se deparar com a nova realidade, o homem é ofuscado pela luz, seus olhos se recusam a enxergar a claridade, primeiramente, e o indivíduo passa por um processo lento e doloroso até se acostumar com o que estava diante de seus olhos, podendo assim contemplar verdadeiramente o sol e toda a nova realidade ao seu redor. A partir de então, este homem não poderia mais retornar à vida na caverna, uma vez que obteve conhecimento do mundo lá fora não mais se acostumaria com as trevas, e, seus antigos companheiros que não podiam enxergar o mundo exterior também o rejeitariam pois o veriam como alguem insano.

O mito da caverna é então uma metáfora. Tudo o que acreditamos e vemos desde o nosso nascimento seria então o mundo sensível, a caverna. Uma vez que o indivíduo adquire conhecimento e passa a enxergar além do que se pode ver, ele estaria liberto das correntes e não mais retornaria as trevas. Conclue-se que só o conhecimento é capaz de tornar um homem verdadeiramente livre.

No filme Matrix, pode-se observar com clareza as referências e analogia ao mito de Platão. Na produção dos irmãos Wachowski, são as máquinas que controlam o verdadeiro mundo e necessitam dos seres humanos como fonte de energia. Estas máquinas criaram um mundo virtual aonde as pessoas vivem e acreditam ser o mundo real, esta realidade simulada é chamada Matrix. Comparado à nossa realidade, Matrix seria então o mundo que vivemos, o sensível, aquilo que conhecemos desde nosso primeiro dia de vida e que acreditamos ser a única verdade. No filme, alguns humanos conseguiram sobreviver no mundo real e então tentavam resgatar as pessoas da realidade simulada para que pudessem combater as máquinas.

Porém nem todos os indivíduos podiam ser resgatados a qualquer instante, alguns estavam tão inseridos no mundo sensível que brigariam para defende-lo e não enxergariam uma outra realidade nem que fossem forçados.

Os diálogos presentes no filme explicitam as semelhanças com a obra platônica. Indagam se aquilo que se enxerga é realmente o mundo verídico e reafirmam que, caso o personagem optasse por tomar a pílula vermelha e enxergar a verdade, seria impossível retornar à antiga condição. Uma vez que o escolhido ingere a pílula vermelha, passa por um processo de dor e agonia até que se adapta àquilo que esta vendo.

Tanto o mito quanto o filme trazem a questão da realidade. O que é real? Será que é tudo aquilo que conhecemos? Ou há um outro mundo que não podemos enxergar? Estaríamos limitados a viver presos em nossa própria idéia? Poderia o conhecimento libertar as nossas mentes ou viveremos sempre no mundo tangível? Esta questão continua presente e bastante atual na Filosofia por não haver, até hoje, uma resposta que possa ser afirmada e confirmada, porém a busca pela resposta e pelo conhecimento libertador continua dentro de cada indivíduo.

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